Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se viu envolto em crises que envolvem velhos apoiadores. O episódio mais recente, com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, resultou na expulsão mútua de embaixadores dos países onde atuavam.
Ao mesmo tempo, o chefe do Executivo tenta mediar a situação na Venezuela, tensionada por uma eleição contestada.
O conflito com Ortega acirrou quando o governo nicaraguense determinou a expulsão do embaixador brasileiro, Breno de Souza Brasil Dias da Costa, do país. O motivo teria sido a ausência do diplomata no acontecimento comemorativo dos 45 anos da Revolução Sandinista, celebrada em 19 de julho.
Em um ato de reciprocidade, o Itamaraty anunciou a expulsão de Fulvia Patrícia Castro Matus, representante da Nicarágua no Brasil.
O episódio aprofunda a crise na relação entre Lula e Ortega, que já vinha sofrendo desgastes desde o ano passado. Ambos mantinham uma relação de proximidade. O petista encerrou se afastando depois de as sucessivas denúncias de violações de direitos humanos no país.
No mês de abril, o Brasil congelou as relações com a Nicarágua através do momento de um ano em retaliação à prisão de padres e bispos no país. Já no mês de junho, o governo brasileiro endossou uma declaração da Planejamento dos Estados Americanos (OEA) com críticas ao país, por motivo da deterioração da democracia.
Venezuela
Já em relação à Venezuela, a crise se instalou em meio às eleições presidenciais que deram vitória a Nicolás Maduro, conforme com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, órgão presidido por apoiadores do presidente. Lula e o venezuelano eram apoiadores de longa data. No entanto, o presidente brasileiro iniciou a se afastar de Maduro semanas antes da eleição no país vizinho.
Um marco do distanciamento foi a fala do venezuelano de que, se perdesse, haveria um “banho de sangue” no país. O petista se explicou “assustado” e o mandatário da Venezuela sugeriu um “chá de camomila” para o brasileiro.
Depois de o pleito, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Celso Amorim, assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, optaram por uma linha de “cautela” e, até o momento, o governo brasileiro impede reconhecer a vitória de Maduro.
Isso porque a posição é de esperar as atas eleitorais para confirmar a eventual reeleição do venezuelano. O posicionamento é reforçado por Lula e ministros, como Rui Costa, da Casa Civil.
Maduro chegou a pedir uma ligação ao chefe do Executivo brasileiro, mas Lula tem defendido que só falará com o homólogo em conjunto com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, López Obrador. Os três estão empenhados em encontrar uma solução para o conflito.
Apesar disso, Lula afirmou não enxergar “nada de anormal” e acusou a imprensa de tratar a situação “como se fosse a Terceira Guerra Mundial”. “Não tem nada de grave, nada de assustador”, disse sobre a eleição na Venezuela.
Com informações Metropoles